“Semana da Pátria”
O Grito do Ipiranga, há muito, despertou no coração dos brasileiros a sensação de liberdade e sentimentos de patriotismo nacional. E ainda hoje esses sentimentos se renovam nas comemorações do Dia da Pátria, porém com mais realismo. De fato, damo-nos conta de que resta muito por fazer para que os sonhos e as aspirações mais elementares de muitos brasileiros se tornem realidade.
A pátria nós a recebemos ao nascer. Mas o país que queremos e sonhamos precisa ser construído. Ainda estamos construindo a dita independência. Não podemos entendê-la pronta e acabada, até por ser um processo essa conquista. Não se pode pretender que ela seja definitiva, pois cuidá-la é nosso dever permanente.
A Semana da Pátria, que estamos vivendo, é um período propício para reflexões. Sem dúvida, é grande o clamor por uma mudança de rumo em nosso Brasil. Mudar o rumo não significa romper com a Constituição, quebrar a normalidade democrática. Ao contrário, essa mudança nada mais é que o cumprimento da legislação existente que frequentemente é burlada em benefício próprio diante da indiferença popular.
Só seremos independentes quando todo o povo puder sê-lo. Pode ser verdadeiramente livre um povo que ainda tem razoável contingente de analfabetos? Ainda se morre na fila do SUS, há hospitais fechados por falência e presídios superlotados realimentando a criminalidade. Há famílias morando nas ruas. E a corrupção que se prolifera assustadoramente e vai, cada vez mais, corroendo a dignidade nacional, na medida em que vai consumindo os pilares da ética e da honra.
Não é livre o país cujas instituições vão se afogando na lama. Não é livre o país que oferece como exemplos de conduta a desfaçatez e a impunidade. Seremos livres quando o vício for vencido pela virtude, quando houver mais solidariedade, quando houver igualdade.
Ordem e progresso? Sim, mas como consequências da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Quando esses valores forem mais que máximas de bandeiras e brasões e se constituírem na verdadeira profissão de fé de toda a gente. Então, sim, poderemos dizer que somos independentes. Temos que ver o povo brasileiro liberto pela educação, gozando saúde, tendo trabalho e segurança.
O povo brasileiro espera muito mais do que “Ordem e Progresso” assim como sugere a bandeira do Brasil. Os brasileiros clamam por desenvolvimento. Precisamos ter claro que progresso e desenvolvimento são conceitos diferentes. O progresso fica mais restrito ao econômico, ao passo que, desenvolvimento é mais amplo, leva em conta o social, o ser humano.
Se o “Grito do Ipiranga” despertou o Brasil para a sua independência, fica evidente que ainda existem razões para continuar gritando. [...]
Que o nosso idealismo, que a nossa solidariedade, que os nossos gestos de grandeza sejam do tamanho do nosso território.
Pe. Dirceu Balestrin1
Registro fotográfico realizado no dia 06 de setembro de 2019. Instituto São José. Aracati-CE.
1“Semana da Pátria”. Disponível em: http://www.catedralsaojose.org.br/catedral2011/reflexao/5517-semana-da-patria.html Acesso em 06 setembro de 2019.